quarta-feira, 28 de novembro de 2012


3 – O GRANDE DIA

 

Meus olhos se abriram.

Eu fiquei deitada tremendo e engasgando em minha cama quente por vários minutos,

tentando me livrar do sonho. O céu pra fora de minha janela virou cinza e então um rosa pálido

enquanto eu esperava para meu coração desacelerar.

Quando eu voltei para a realidade do meu quarto bagunçado e familiar, eu me senti um

pouco irritada comigo mesma. Que sonho para se ter na véspera de meu casamento! Isso que eu

ganhei por ficar obcecada com histórias perturbadoras no meio da noite.

Ansiosa para me livrar do pesadelo, eu me vesti e fui para a cozinha muito antes do que o

necessário. Primeiro eu limpei o cômodo pequeno, e quando Charlie levantou, eu preparei

panquecas. Eu estava muito inquieta para ter qualquer interesse em tomar café da manhã – eu

sentei e fiquei remexendo na cadeira enquanto ele comia.

1 Você tem que buscar o Sr. Weber às três horas. 1 eu o lembrei.

1 Eu não tenho muita coisa para fazer hoje a não ser trazer o padre, Bells. Não vou esquecer

meu único encargo. 1 Charlie tinha tirado o dia todo de folga para o casamento, e ele estava

definitivamente.

De vez em quando, seus olhos piscavam furtivamente no armário embaixo da escada, onde

ele guardava sua vara de pesca.

1 Esse não é seu único encargo. Você também tem que se vestir e ficar apresentável.

Ele fez uma careta para sua caneca de cereais e murmurou as palavras ‘terno de macaco’

baixinho.

Houve uma batida leve na porta da frente.

1 Você pensa que vai ser ruim 1 eu disse, sorrindo enquanto levantava. 1 Alice vai estar

trabalhando em mim o dia todo.

Charlie acenou pensativamente, concordando que ele tinha a menor tarefa. Eu me inclinei

para beijar o topo de sua cabeça quando passei – ele corou e pigarreou – e continuou para abrir a

porta para minha melhor amiga e que ia ser em pouco tempo, minha irmã.

O cabelo curto de Alice não estava com suas pontas espetadas – estava caindo em cachos

brilhantes, enquadrando seu rosto pequeno, que estava contrastando com uma expressão

profissional. Ela me arrastou da casa com um mero “Oi, Charlie’’ por cima dos ombros.

Alice me avaliou enquanto eu entrava no Porshe.

1 Ah, que inferno! Olhe seus olhos! 1 ela reclamou com reprovação. 1 O que você fez? Ficou

acordada a noite toda?

1 Quase.

Ela me encarou. 1 Eu tenho pouco tempo para lhe deixar maravilhosa, Bella – você podia ter

tomado mais cuidado com o meu material.

1 Ninguém espera que eu fique maravilhosa. Eu acho que o grande problema é que eu talvez

durma durante a cerimônia e não seja capaz de dizer “aceito’’ na parte certa, e então Edward vai

conseguir fugir.

Ela riu. 1 Eu vou jogar meu buquê em você quando estiver na hora.

1 Obrigada.

1 Pelo menos você vai ter bastante tempo para dormir no avião amanhã.

Eu ergui uma sobrancelha. Amanhã, eu pensei. Se nós fomos embora depois da festa, ainda

estaríamos no avião amanhã à noite... bem, não estávamos indo para Boise, Idaho. Edward não

tinha dado nenhuma pista. Eu não estava tão estressada com o mistério, mas era estranho não

saber onde iria dormir na noite seguinte. Ou, esperançosamente, não dormindo...

Alice percebeu que ela tinha me dado uma dica, e franziu a testa.

1 Você já está com as malas preparadas e prontas 1 ela disse para me distrair.

Funcionou. 1 Alice, eu queria que você me deixasse preparar minhas próprias malas!

1 Teria dado muitas pistas.

1 E negado a você uma oportunidade de fazer compras. 1 Você será minha irmã oficialmente em poucas horas... está na hora de superar essa

aversão a roupas novas.

Eu encarei preocupada pelo pára1brisa ante que estávamos quase na casa.

1 Ele já voltou? 1 eu perguntei.

1 Não se preocupe, ele estará de volta antes que a música comece. Mas você não pode vê1

lo, não importa quando ele chegue. Vamos fazer isso do jeito tradicional.

Eu bufei. 1 Tradicional!

1 Certo, a parte da noiva e do noivo.

1 Você sabe que ele já espiou.

1 Ah, não 1 esse é o porquê de só eu ter visto você no vestido de noiva. Tenho sido bem

cuidadosa para não pensar nisso quando ele está por perto.

1 Bem 1 eu disse quando nós fizemos a curva – estou vendo que você re1aproveitou a

decoração da formatura. 1 Os seis quilômetros da estrada estavam novamente envoltos em

milhares de luzinhas. Dessa vez, ela adicionou arcos de cetim branco.

1 Não quero desperdiçar. Aproveite, porque você não verá a decoração de dentro até que

esteja na hora. 1 Ela estacionou na garagem gigante a norte da casa. O jipe enorme de Emmett

ainda não tinha voltado.

1 Desde quando a noiva não pode ver a decoração? 1 eu protestei.

1 Desde que ela me colocou no comando. Quero que você tenha o impacto completo quando

descer as escadas.

Ela colocou a mão sobre meus olhos antes me deixar entrar pela cozinha. Eu fui

imediatamente assaltada pelo cheiro.

1 O que é isso? 1 eu perguntei enquanto ela me guiava pela casa.

1 É muito? 1 A voz de Alice estava abruptamente preocupada. 1 Você é a primeira humana

aqui. Espero que eu tenha acertado.

1 O cheiro é delicioso! 1 eu a assegurei – era quase intoxicante, mas não surpreendente, o

balanço das fragrâncias diferentes era sutil e completo. 1 Cascas de laranja... lilás... e alguma coisa

a mais – estou certa?

1 Muito bom, Bella. Só esqueceu da freesia e das rosas.

Ela não descobriu meus olhos até que estivéssemos em seu grande banheiro. Eu olhei para a

grande pia, coberta com toda a parafernália de um salão de beleza, e comecei a sentir os efeitos

da noite mal dormida.

1 Isso é realmente necessário? Eu vou parecer comum perto dele de qualquer jeito.

Ela me sentou em uma cadeira pequena e cor1de1rosa. 1 Ninguém vai ousar chamar você de

comum quando eu terminar.

1 Só porque eles estão com medo de que você sugue o sangue deles 1 eu murmurei. Eu

apoiei nas costas da cadeira e fechei meus olhos, esperando ser capaz de cochilar enquanto aquilo

durasse. Eu apaguei de vez em quando enquanto ela me maquiava, passava blush e polia cada

espaço do meu corpo.

Era depois do almoço quando Rosalie escorregou pela porta do banheiro com um vestido

prata brilhante com seu cabelo dourado preso em uma pequena coroa no topo de sua cabeça. Ela

era tão linda que me deu vontade de chorar. Qual era o sentido em me vestir com Rosalie por

perto?

1 Eles voltaram 1 Rosalie disse, e imediatamente meu ataque de pânico infantil desapareceu.

Edward estava em casa.

1 Deixe1o longe daqui!

1 Ele não vai encontrar com você hoje 1 Rosalie a assegurou. 1 Ele dá valor demais à vida.

Esme os mandou cuidar de umas coisas. Você quer alguma ajuda? EU posso fazer o cabelo dela.

Meu queixo caiu. Eu fiz uma batalha em minha cabeça, tentando me lembrar de como fechar

minha boca.

Eu nunca fui a pessoa preferida de Rosalie. Então, deixando as coisas ainda mais tensas

entre nós, ela estava pessoalmente ofendida pela escolha que eu estava fazendo agora. Embora ela tivesse aquela beleza impossível, uma família que amava, e sua alma gêmea em Emmett, ela

teria trocado tudo para ser humana. E aqui estava eu, insensivelmente jogando tudo fora, tudo o

que ela queria na vida, como se fosse lixo. Eu não a fiz gostar mais de mim.

1 Claro 1 Alice disse. 1 Você pode começar trançando. Eu quero que fiquei um pouco

embaraçado. O véu vai aqui, embaixo. 1 As mãos dela começaram a passar pelo meu cabelo,

levantando e virando1o, ilustrando em detalhes como ela queria. Quando ela terminou, as mãos de

Rosalie substituíram as dela, amaciando meu cabeço com um toque mais leve do que pena. Alice

voltou para seu rosto.

Uma vez que Rosalie recebeu as recomendações de Alice sobre meu cabelo, ela saiu para

pegar meu vestido e localizar Jasper, que tinha sido designado para pegar minha mãe e seu

marido, Phil, do hotel. Lá embaixo, eu podia ouvir a porta se abrindo e se fechando várias vezes.

Vozes começaram a se aproximar.

Alice me fez levantar para que ela pudesse colocar o vestido por cima de meu cabelo e

maquiagem. Meus joelhos tremeram tão forte quando ela fechou os botões de pérola nas minhas

costas que o cetim caiu em pequenas ondas pelo chão.

1 Respire fundo, Bella. 1 Alice disse. 1 E tente diminuir as batidas de seu coração. Você vai

suar e borrar a maquiagem.

Joguei a ela a melhor expressão sarcástica que pude fazer. 1 Vou tentar fazer isso.

1 Eu tenho que ir me vestir agora. Consegue se segurar por dois minutos?

1 Ah... talvez?

Ela revirou os olhos e saiu pela porta.

Eu me concentrei em minha respiração, contando cada movimento de meus pulmões, e

encarei o padrão que a luz do banheiro fazia brilhar pelo tecido de minha saia. Eu estava com

medo de olhar no espelho – medo de que a imagem de mim mesmo em um vestido de noiva iria

me fazer ter um novo ataque te pânico.

Alice voltou antes que eu respirasse duzentas vezes, num vestido que caia pelo seu corpo

magro como uma cachoeira prateada.

1 Alice, uau.

1 Não é nada. Ninguém vai olhar para mim hoje. Não enquanto você estiver no salão.

1 Há há.

1 Agora, você está sob controle ou eu preciso trazer Jasper aqui?

1 Eles voltaram? Minha mãe está aqui?

1 Ela acabou de entrar. Está subindo.

Renée tinha chegado há dois dias, e eu tinha passado cada minuto que podia com ela – cada

minuto que eu podia afasta1la de Esme e da decoração, nas palavras dela. Até onde eu podia

dizer, ela estava se divertindo mais que eu criança presa à noite da Disney. De um jeito, eu me

senti traída do mesmo jeito que Charlie. Todos aquele terror desperdiçado com a reação dela...

1 Ah, Bella! 1 ela gritou agora, emocionada, antes que ela tivesse passado pela porta. 1 Ah,

querida, você está maravilhosa! Ah, eu vou chorar! Alice, você é fantástica! Você e Esme deviam

entrar no mercado como planejadoras de casamentos. Onde você achou esse vestido? É lindo! Tão

gracioso, tão elegante. Bella, parece que você acabou de sair de um filme Austin. 1 A voz de minha

mãe pareceu um pouco distante, e tudo no quarto era um fraco borrão. 1 Uma idéia tão criativa,

fazendo o tema do vestido baseado no anel de Bella. Tão romântico! E pensar que está na família

de Edward desde os anos 1800!

Alice e eu trocamos um olhar breve e conspiratório. Minha mãe estava sem noção do estilo

do vestido por mais de cem anos. O casamento estava na verdade, centrado não no anel, mas no

próprio Edward.

Houve um pigarro na porta.

1 Renée, Esme disse que é hora de você descer. 1 Charlie disse.

1 Bom, Charlie, como você está arrojado! 1 Renée disse em um tom que era quase choque.

Talvez isso tenha explicado a rigidez na resposta de Charlie.

1 Alice me pegou. 1 Já está na hora mesmo? 1 Renée disse para si mesma, parece quase tão nervosa quanto eu

me sentia1 Isso tudo foi tão rápidoSinto1me tonta

Isso fazia duas de nós.

1 Me dê um abraço antes que eu desça. 1 Renée insistiu. 1 Cuidado agora, não quero rasgar

nada.

Minha mãe me apertou gentilmente em sua cintura, então se virou para a porta, só para

terminar a volta e me olhar de novo.

1 Ah, meu Deus, quase esqueci! Charlie, onde está a caixa?

Meu pai procurou em seu bolso por um minuto e então tirou uma pequena caixa branca e a

entregou a Renée. Renée levantou a tampa e entregou para mim.

1 Alguma coisa azul. 1 ela disse.

1 E alguma coisa velha também. Eles eram da vovó Swan 1 Charlie adicionou. 1 Nós pedimos

para um joalheiro substituir as jóias antigas por safiras.

Dentro da caixa haviam duas presilhas de cabelo. Safiras azul escuras estavam incrustadas

em complicados desenhos florais em cima dos prendedores.

Minha garganta ficou apertada. 1 Mãe, pai... vocês não precisavam.

1 Alice não nos deixou fazer mais nada 1 Renée disse. 1 Toda vez que a gente tentava, ela

praticamente arrancava as nossas gargantas.

Uma gargalhada histérica saiu pelos meus lábios.

Alice veio para a frente e rapidamente deslizou as presilhas em meus cabelos, logo abaixo

das tranças grossas. 1 Isso é uma coisa velha e azul 1 Alice pensou, dando uns passos pra trás

para me admirar. 1 E o seu vestido é novo... então, aqui –

Ela jogou alguma coisa para mim. Eu levantei minhas mãos automaticamente e a liga branca

translúcida caiu na minha mão.

1 Isso é meu e eu quero de volta 1 Alice me disse.

Eu fiquei vermelha.

1 Pronto 1 Alice disse com satisfação. 1 Um pouco de cor 1 é tudo o que você precisa. Você

está oficialmente perfeita 1 Com um sorriso que parabenizava ela mesma, ela se virou para os

meus pais. 1 Renée, você precisa ir lá pra baixo.

1 Sim, madame 1 Renée me soprou um beijo e saiu apressada pela porta. 1 Charlie, você

pode pegar as flores, por favor?

Enquanto Charlie estava fora do quarto, Alice arrancou a liga das minhas mãos e se enfiou

embaixo da minha saia. Eu resfoleguei e cambaleei enquanto as mãos frias dela segurava o meu

calcanhar; ela enfiou a liga no lugar.

Ela já estava de pé novamente antes que Charlie retornasse com dois buquês cheios de

flores brancas. O cheiro de rosas e flores de laranjeira e freesia me cercou numa suave mistura.

Rosalie – a melhor música da família depois de Edward – começou a tocar piano no andar de

baixo. Pachelbel’s Cânon. Eu comecei a hiperventilar.

1 Calma, Bells 1 Charlie disse. Ele se virou nervosamente pra Alice. 1 Ela parece um pouco

enjoada. Você acha que ela vai conseguir?

A voz dele soou longe. Eu não conseguia sentir minhas pernas.

1 É melhor que consiga.

Alice ficou bem na minha frente, na ponta dos pés pra me olhar nos olhos mais facilmente, e

agarrou meus pulsos em suas mãos duras

1 Concentre1se, Bella. Edward está te esperando lá embaixo.

Eu respirei profundamente, tentando me recompor.

A música mudou lentamente para outra música. Charlie me cutucou. 1 Bells, é a nossa vez.

1 Bella? 1 Alice perguntou, ainda me olhando nos olhos.

1 Sim 1 eu guinchei. 1 Edward. Tudo bem. 1 Eu deixei que ela me tirasse do quarto, com

Charlie agarrado em meu cotovelo.

A música estava mais alta no corredor. Eu flutuei nas escadas junto com as fragrâncias dos

milhões de flores. Eu me concentrei da idéia de Edward me esperando lá embaixo pra fazer os meus pés se moverem.

A música era familiar, uma marcha tradicional de Wagner cercada por um monte de

embelezamentos.

1 É a minha vez 1 Alice chiou. 1 Conte até cinco e me siga. Ela começou a descer as escadas

lenta e graciosamente. Eu devia ter me dado conta que ter Alice como minha única dama de honra

era um erro. Eu ia parecer muito mais descoordenada andando atrás dela.

Um súbito ruído de juntou à música. Eu reconheci a minha deixa.

1 Não me deixe cair, pai 1 eu sussurrei. Charlie pôs a minha mão em seu braço e a apertou

com força.

Um passo de cada vez, eu disse a mim mesma enquanto começava a descer ao lento som da

marcha. Eu não ergui meus olhos até que os meus pés estavam seguros no chão, apesar de

conseguir ouvir os murmúrios e ruídos da platéia enquanto eu aparecia. O sangue subiu pro meu

rosto por causa do som; é claro que já se esperava que eu fosse uma noiva corada.

Assim que os meus pés tinham vencido as escadas traiçoeiras, eu estava procurando por ele.

Por um breve segundo, eu fiquei distraída com a profusão de botões de flores brancas que

pendiam de guirlandas em qualquer parte da sala que não estivesse viva, caindo em longas filas

de leves laços brancos. Mas eu separei meus olhos dos arcos das portas e procurei pelas fileiras de

cadeiras cobertas de cetim – ficando ainda mais vermelha quando vi a multidão de rostos olhando

pra mim – até que eu finalmente o encontrei, de pé perto de um vaso com mais flores ainda, e

mais laços.

Eu mal tinha consciência de Carlisle de pé ao lado dele, e do pai de Angela atrás deles dois.

Eu não vi minha mãe de onde ela devia estar sentada na primeira fileira, nem a minha família

nova, ou nenhum dos meus convidados – eles teriam que esperar até mais tarde.

Tudo o que eu realmente via era o rosto de Edward; ele encheu minha visão e dominou

minha mente. Os olhos dele estavam claros, ouro em chamas; seu rosto perfeito estava quase

parecendo severo com a profundidade de suas emoções. E aí, quando ele encontrou meu olhar

abismado, ele se quebrou em um sorriso feliz de tirar o fôlego.

De repente, a única coisa me impedindo de correr pelo corredor era a mão de Charlie

apertando a minha.

A marcha era lenta demais enquanto eu tentava fazer meus pés acompanharem o ritmo. Por

sorte, o corredor era bem curto. E finalmente, finalmente, eu estava lá. Edward estendeu sua

mão. Charlie pegou minha mão e, num símbolo tão velho quanto o mundo, colocou1a sobre a mão

de Edward. Eu toquei o frio milagre de sua pele, e eu estava em casa.

Nossos votos foram simples, palavras tradicionais que já foram ditas milhões de vezes,

apesar de nunca por um casal como nós. Nós só pedimos ao Sr. Weber pra fazer uma pequena

mudança. Ele concordou em trocar a frase “até que a morte nos separe” por uma mais apropriada

“enquanto nós dois vivermos”.

Naquele momento, enquanto o juiz de paz dizia sua parte, meu mundo, que tinha estado de

cabeça pra baixo por tanto tempo, agora parecia ficar na posição correta. Eu me dei conta do

quanto eu estava sendo ao sentir medo disso – como se isso fosse um presente de aniversário que

eu não queria ou uma exibição vergonhosa, como um baile. Eu olhei para os olhos brilhantes,

triunfantes de Edward, e eu soube que eu também estava vencendo. Porque nada mais importava

além do fato de que eu poderia ficar com ele.

Eu não me dei conta de que estava chorando até a hora de dizer as palavras tão esperadas.

1 Eu aceito 1 eu consegui botar pra fora num sussurro quase inaudível, piscando pra

conseguir ver o rosto dele.

Quando foi a vez dele de falar, as palavras soaram claras e vitoriosas.

1 Eu aceito 1 ele jurou.

O Sr. Weber nos declarou marido e mulher, e aí as mãos de Edward de ergueram pra

segurar o meu rosto, cuidadosamente, como se ele fosse delicado como as pétalas brancas

balançando sobre nossas cabeças. Eu tentei compreender, apesar da quantidade de lágrimas me

cegando, o fato surreal de que essa pessoa incrível era minha. Seus olhos dourados estavam comose pudessem estar cheios de lágrimas também, se isso não fosse uma coisa tão impossível. Ele

abaixou sua cabeça em direção à minha, e eu fiquei na ponta dos pés, jogando meus braços –

com buquê e tudo – ao redor do pescoço dele.

Ele me beijou ternamente, me adorando; eu esqueci a multidão, o lugar, o tempo, a razão...

lembrando apenas que ele me amava, que ele me queria, que eu era dele.

Ele começou o beijo e eu tive que termina1lo; eu me agarrei a ele, ignorando as risadinhas e

os convidados limpando as gargantas. Finalmente, as mãos dele detiveram meu rosto e ele se

afastou – cedo demais – pra me olhar. Na superfície seu sorriso repentino estava divertido, era

quase um sorriso pretensioso. Mas por baixo desse espetáculo momentâneo da minha exibição

pública estava uma profunda alegria que ecoava a minha própria.

A multidão aplaudiu, e ele virou os nossos corpos para ficar de frente para as nossas famílias

e amigos.

Os braços da minha mãe foram os primeiros a me encontrar, seu rosto coberto de lágrimas

foi a primeira coisa que eu encontrei quando eu desviei meus olhos de Edward sem querer. E aí eu

fui passada para a multidão, passada de abraço para abraço, apenas meio consciente de quem me

abraçava, minha atenção concentrada na mão de Edward que segurava a minha própria mão com

força. Eu reconheci a diferença entre os abraços suaves e quentes dos meus amigos humanos, e

os abraços gentis e frios da minha nova família.

Um abraço severo se destacou entre os outros – Seth Clearwater teve a coragem de ficar em

meio a todos os vampiros para representar meu amigo lobisomem perdido. 

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